A nomeação do deputado Pedro Lucas Fernandes (UB-MA) para o Ministério das Comunicações, que já era alvo de críticas internas, ficou ainda mais ameaçada após a divulgação da lista de parlamentares que assinaram o requerimento de urgência ao projeto da anistia dos envolvidos no atos de 8 de janeiro.
Com 67,7% da bancada do União Brasil – 40 dos 59 deputados – apoiando a medida, o Palácio do Planalto passou a reavaliar o espaço concedido ao partido no primeiro escalão.
A expectativa de governistas era que pelo menos metade dos parlamentares da sigla se alinhassem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), rejeitando a proposta da anistia. O resultado, no entanto, evidenciou o grau de infidelidade da legenda e acentuou o incômodo de uma ala governista que já vinha alertando para os riscos da nomeação de Pedro Lucas.
A crise interna no União Brasil se intensificou a ponto de a ala oposicionista defender, abertamente, a devolução do comando do Ministério das Comunicações ao governo ainda nesta semana, após o feriado da Semana Santa.
O impasse ocorre num momento delicado. O deputado Pedro Lucas havia pedido tempo ao presidente Lula para articular a transição no comando da bancada. A ideia era indicar um sucessor alinhado ao Planalto, algo que agora se tornou improvável diante da rebelião interna.
O desgaste não se limita ao União Brasil. No PSD, outro partido com três ministérios no governo – Agricultura, Pesca e Minas e Energia – 52,2% da bancada também endossou o requerimento da anistia. Deputados reclamam da pouca representatividade da pasta da Pesca e consideram que o Ministério de Minas e Energia é uma escolha pessoal do presidente.
Ao todo, 146 dos 262 parlamentares que assinaram o requerimento são de partidos com ministérios no governo. A dissidência generalizada acende um alerta no Planalto e abre um dilema: retaliar os infiéis ou preservá-los para manter apoio em votações sensíveis, como a do projeto que isenta do IR quem ganha até R$ 5 mil?